quarta-feira, 14 de março de 2007

Sobre os pequenos pedaços de vida. E de morte.

Às vezes dá vontade de gravar a vida. Pra poder assistir de novo, um dia.
Quando era criança pensava que poderia muito bem ser assim, quando morrêssemos.
Mas como não temos a garantia de que a vida será gravada, quardamos pequenos retalhos.
Um diário. Uma foto, um álbum cheio delas, várias cartas, antigos cadernos, lembranças de amigos, de lugares, de instantes, de pensamentos, de modos de ver o mundo... Lembranças de você mesmo, do que você era e do que o mundo era, numa, talvez, tentativa de imaginar como poderá ser, depois.
Menos poética e mais recentemente, um blog. O histórico do MSN ou, simplesmente, os recados do Orkut.
Eles estão lá, ordenados por data, marcando dia por dia, recado por recado, pessoa por pessoa, amigo por amigo, desconhecido por desconhecido, desconhecido que virou amigo, amigo que hoje é desconhecido, desconhecido que passou, amigo que mudou de cara... Mas você não sabe disso, não lembra.
Até que o "um dia" em que você ia assistir à vida de novo, ou o que acha que foi a vida, mas que não são mais que aqueles fragmentos que conseguiu prender, resolve chegar. Sem nenhum motivo especial... Você só ia limpar a gaveta, o armário, rearrumar o quarto, achou a tal pilha de papéis, o tal álbum de fotografia, a caixa de lembranças, estava à toa pela internet, resolveu reler os escritos do blog.
Mas é tão estranho rever isso tudo...
É tão estranho, aquela vida, aqueles retalhos de vida, de conversa, eles... Eles parecem pouco vivos. Digo, eles estão mortos! Mas parece que não foram vividos, não como deveriam... Parece que cada conversa, debate ou discussão, poderia ter sido tão mais longo, divertido e proveitoso...
Foram-se uns tempos, vieram outros.
Adorável virem outros, o que parece que é nunca aproveitamos os "uns" que foram, direito.
Acho que o pequeno pedaço de vida eterna poderia muito bem ser assim quando morrermos.
"Que raiva, por que não gravamos tudo?" Pensaremos, a princípio.
E então começaremos a rever o filme de nossa vida. Mas mais rápido, rápido o suficiente pra não pensarmos que estamos revivendo, além de não lembrarmos da monotonia da pobre. Pensaremos é que vivemos mal e pouco tudo isso.
Seria um belo martírio...
No fim, como Deus é bonzinho, antes dos créditos, passariam uns poemas de Álvaro de Campos, pra acabar com o saudosismo. Depois lemos algumas das belíssimas frases de Brás Cubas, damos umas risadas sarcásticas e dormimos um sono merecido.

2 comentários:

  1. Olha, antes que se irrite. Adoro blogs e saio lendo tudo e geralmente comentando. Risos.
    Bem, no meu filme, quero um poema de Mário, Cecília, Alvaro, (também) e Emily Dickinson. E por favor sem os tais créditos de Deus, porque já basta as testemunhas que passam no meu portão as oito horas da manhã. Eu odeio levantar cedo.

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  2. María,
    Felicitaciones, tratás un tema hermoso: ¿Cómo encarar la vida ante nuestro pasado, presente y futuro?

    A lo largo de tu blog se ve que pensaste en las 3 posibilidades. Acá te cuento mi hipótesis.

    Con respecto al futuro, el futuro es, a mi criterio, la culminación del presente. Es el suceso temporal lógico y necesario que resulta de la sumatoria de las causas presentes.

    El pasado... yyy si pensás que el presente es el futuro de aquel pasado. Si pensás que todas lascosas que viviste marcaron un rumbo, y cómo ese rumbo ya es inalterable. El pasado sirve más que nada para saber cómo llegamos al presente.

    [Una reflexión, viste que cuánto más vívido parece el pasado, más vívido es el presente? (siempre y cuando se mire al pasado como PASADO, no como futuro ideal, perdón si no desarrollo bien la idea)].

    Y finalmente el presente... con VIVIR un poco el presente, sin pensar que el pasado fue mejor y que el futuro será caótico, tampoco pensando que el pasado es parte de otra vida y que el futuro permitirá cambiarlo todo. El presente es laverdadera clave de la felicidad...

    Ver al presente como el feliz resultado de que podamos mirar para atrás al pasado (alguna vez pensaste, incluso desde el punto de vista de la estadística, lo MILAGROSO que es poder mirar hacia nuestro pasado?!?), y de alguna forma esperar que lo que hacemos hoy, nos traiga un presente (un futuro) que nos haga felices.

    Finalmente, como somos parte de una linea indivisa de tiempo, sería IMPOSIBLE decir que el pasado murió, ya que no hay diferencia puntual entre el pasado y el presente, no podés decir que las cosas pasadas terminaron, si podés decir que se transformaron. (nada se crea ni se destruye, todo se transforma).

    Saludos en presente!!! =)

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