sábado, 21 de outubro de 2006

Recebi por e-mail

Esse, abaixo, é um texto que recebi por e-mail.
Não é nenhum supra-sumo, mas eu achei interessante, e pensei ser mais fácil colá-lo aqui do que escrever outro sobre o mesmo assunto.
Tudo bem que você pode já o ter recebido. Mas aí também seria perda de tempo ler um texto inédito (quanto mais meu) sobre isso.
E, sim, o propósito do autor é levantar a auto-estima do brasileiro. (Coisa que era muito usada na ditadura, diga-se de passagem. Mas o texto foi feito em 2001, não é propaganda pro senhor presidente populista. Nem me parece para o senhor ex-presidente intelectualóide.)
Aliás, Luiz Marins, o autor do texto, é um antropólogo que trabalha, aparentemente, motivando levantando a moral das pessoas. Meio mané, sim, mas...
Talvez estejamos mesmo precisados de ânimo e um pouco de motivação.
Fica aí, para quem topar.


"NEM PARECE O BRASIL..." (Artigo publicado em 2001)

Luiz Marins

Ao comemorarmos, neste setembro a "Semana da Pátria", o que leremos na maioria dos jornais? O que assistiremos na televisão? O que ouviremos nas rádios?
Aposto 1.000 contra 10 que a maior parte dos comentários serão do tipo: "O Brasil, pior do que nunca, comemora sua independência, totalmente dependente do FMI"; "Brasil: 45 milhões de miseráveis não têm nada a comemorar na Semana da Pátria"; "Brasil comemora sua independência com corrupção, violência, desemprego, greves...".
Com certeza ninguém vai dizer que somos o único país do hemisfério sul dentro do projeto Genoma e que nossos cientistas estão entre os mais respeitados do mundo. Ninguém vai dizer que o Brasil é o país que tem tido o maior sucesso dentre todos os países no combate à AIDS e vem sendo exemplo mundial. Ninguém vai dizer que temos 15 fábricas de veículos instaladas, mais quatro se instalando e que somos uns dos maiores mercados do mundo contemporâneo e que, apesar da crise argentina, as empresas continuam com suas intenções firmes de investimento.
Ou seja, ninguém mostrará a parte cheia do cálice chamado Brasil. Vamos só mostrar a parte vazia. Vamos novamente nos auto-flagelar, falar mal de nós próprios. Vamos nos chamar a todos de corruptos, ladrões, aproveitadores e preguiçosos. Por que somos assim?
A manchete de um dos maiores jornais do Brasil, ao noticiar o menor índice de desemprego desde 1997 assim escreveu: "Desalento e Descrença faz índice de desemprego baixar" (sic) e no corpo da matéria afirma que as pessoas estão tão desalentadas, desencantadas e desanimadas que "desistiram de buscar emprego...". Será esse também o motivo para os espanhóis de Madri que têm 21% de desemprego? Ora, se isso é verdade, o oposto também deveria ser. Ou seja, quando o desemprego aumenta é porque as pessoas estão "animadas e esperançosas" e acreditando no Brasil?
Todos os países comemoram suas datas nacionais valorizando os aspectos positivos da nação, do povo, das pessoas. Por que não nos comparamos com a violência do oriente médio? Com os atentados na Irlanda? Com os atentados na Espanha? Com o massacre da Macedônia e dos Albaneses? Com o que está acontecendo desde o Afeganistão ou nos países africanos? Por que não dizemos que temos 97,3% das crianças de 7 a 14 anos freqüentando escolas e só falamos do "baixo nível da educação brasileira"?
Por que não propalamos que o Brasil tem 40% dos internautas da América Latina – o dobro do México e que somos o quinto país do mundo em número de telefones fixos instalados e o segundo maior mercado de telefones celulares? Por que não falamos que temos o mais moderno sistema bancário do mundo? Que nossas eleições – limpas e honestas, tiveram mais de 100 milhões de votos apurados em 24 horas? (Compare com o "fiasco" da eleição americana...). Por que não falamos que de meros exportadores de tecidos, somos hoje considerados uma das capitais mundiais da moda, segundo o Le Monde francês? Por que não propalamos que somos o país em desenvolvimento com o maior número de empresas com certificação de qualidade pela ISO 9000 com 6.890 empresas certificadas enquanto o México tem apenas 300 empresas e a Argentina 265? Que somos o segundo maior mercado de biscoitos, jatos executivos e helicópteros, chocolate, que nosso mercado editorial de livros é maior do que a Itália, com mais de 50.000 títulos novos por ano? Que nossas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios do mundo? Que somos o país mais "empreendedor" do mundo com 16% da população economicamente ativa, na frente dos Estados Unidos? Que a cidade do Rio de Janeiro foi considerada em pesquisa em mais de 50 cidades do mundo a mais "solidária" do mundo? Que mais de 70% dos brasileiros – pobres e ricos – dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários? Que 54% das empresas brasileiras participam de projetos comunitários? Que nosso setor agrícola e pecuário vem se desenvolvendo com produtividades crescentes e moderna tecnologia, dobrando a produtividade agrícola com a mesma área agricultável?
Por que não dizemos que somos hoje a terceira maior democracia do mundo? Que apesar de todas as mazelas o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países "civilizados"? Quantos países têm a imprensa livre e investigativa que temos? Segundo a The Economist, (30-6-2001) de zero a dez, o índice de corrupção no Brasil é seis. Isso foi amplamente divulgado. Mas poucos disseram que somos considerados menos corruptos do que o México, Argentina, China, Tailândia, Filipinas, Índia, Rússia, Indonésia e muitos outros países em desenvolvimento, e à nossa frente quase todos os países são os desenvolvidos europeus, poucos asiáticos e os EUA. Qual o país que já fez o "impeachment" de um presidente e tirou vários senadores da república de seus postos? Que a população indígena brasileira vem crescendo e com terras demarcadas para sua sobrevivência cultural? Qual foi o instituto demográfico que contou em 1.500 os cinco milhões de índios que a imprensa diz que matamos desde o descobrimento do Brasil?
Este verdadeiro "vício" de se auto-flagelar, de só falar mal de si próprio, faz o brasileiro ficar literalmente cego para valores essenciais de nossa cultura, de nosso povo, da nação brasileira. Reduzimos tudo a "governo" e como não se pode falar bem de nenhum governo (seja federal, estadual ou municipal) que se é logo rotulado de "bajulador" e "alienado" ficamos com essa sensação horrível de que somos o povo mais infeliz do universo. Pode ver: quando uma coisa é bem feita, é bonita, é limpa, dizemos – "Nem parece o Brasil!" e quando uma coisa é horrível, de baixa qualidade, suja, desonesta, dizemos: "Isto é o Brasil!". Até quando???
Até quando seremos patrulhados como foram Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda – para não citar outros mais – quando falamos bem do Brasil e do homem brasileiro mostrando seus aspectos de tolerância, de cordialidade?
É claro que temos problemas – e muitos. E graves! Deles não preciso falar. Basta abrir os jornais, assistir os telejornais e ler nossas revistas.
Mas temos também valores que precisamos aprender a enxergar e a comemorar. O Brasil precisa dar-se o direito de ser feliz. Comemore a parte cheia do cálice chamado Brasil. Acredite. Você pode se orgulhar de ser brasileiro! Você tem esse direito"

2 comentários:

  1. Gostei.
    Luiz Marins nesse texto tráz animo, mas não podemos esquecer os problemas do Brasil por suas inúmeras qualidades.E nem ficar feliz com nossos políticos por não serem os que mais roubam no mundo.Eles roubam.Não importa o quanto, eles roubam o povo.
    Gostei sim.Mas é preciso ressaltar isso.

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  2. Gostei.
    Luiz Marins nesse texto tráz animo, mas não podemos esquecer os problemas do Brasil por suas inúmeras qualidades.E nem ficar feliz com nossos políticos por não serem os que mais roubam no mundo.Eles roubam.Não importa o quanto, eles roubam o povo.
    Gostei sim.Mas é preciso ressaltar isso.

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