Pelos próximos quase-6-meses estarei em Lyon, estudando, aprendendo francês, conhecendo lugares e pessoas incríveis e descobrindo mais um pedacinho do mundo e de mim mesma. Por essa boa razão estarei longe de muitas pessoas queridas. Pra elas me acompanharem se quiserem e também pra guardar um pouquinho dessa experiência, achei uma boa postar algumas impressões aqui, como um diariozinho. Nunca consegui manter um exercício de escrita por muito tempo mas, como este tem motivações, me propus a ver quanto tempo ele dura. Antes do texto, duas coisas: tranquilizem-se com o tamanho: este ficou maior do que os próximos ficarão porque é o primeiro, tem mais "primeiras impressões". E peço a vocês que considerem-no literariamente apenas na medida em que uma conversa despretensiosa com alguém em quem se confia é literária. Não reli e pensei duas vezes sobre muito poucas coisas. É isso, allons y!
Às 20:30 de 24/08/2012 o céu ainda está claro no verão daqui, as luzes começam a ser acesas.
A cidade fica em torno do encontro de dois rios, bordeados por construções antigas. São lindos. Não vi quase nenhuma construção branca até agora, a maioria variando entre o rosa e o amarelo claros, de 6 ou 7 andares. Não vi prédios muito altos, nem andei por região de casas térreas, e vi quase só um tipo de árvore: as "platanes", bem grandes, muitas acompanhando o rio.
O albergue em que estou é uma gracinha, todo colorido, limpo, bem iluminado e com móveis de boa qualidade.
Ontem eu andei pela região aqui perto da praça de Valmy. Muitas lojas estão fechadas para as férias de verão, o que seria bem engraçado no Brasil. Tentei achar um supermercado e passei direto, porque apesar do nome "Monoprix", ele parecia uma loja de roupa, por fora, tipo as Pernambucanas. É engraçado ver a globalização no supermercado. As marcas são muito mais internacionais do que eu pensava! Aqui o pão é barato. O tomate também, e são todos bem vermelhinhos, mas o gosto dos dois tipos que provei era bem parecido com o do Brasil. O kinder-ovo, chocolate em geral, balinhas e geleias são "pas chères" (porque barato é uma palavra que nem existe aqui). A água não é a mesma do Brasil, infelizmente, mas acho que a gente logo se acostuma. Foi engraçada a primeira vez que respirei fundo aqui em Lyon, depois de acomodar as bagagens. O ar estava bem úmido, um pouco pesado, um cheiro de rio, tudo diferente, que agora eu não percebo mais. É a mesma sensação da água, ser um pouco mais pesada, um pouco mais básica também. Às vezes parece que não vai matar a sede!
É engraçado escrever nos primeiros dias, porque temos muitas impressões novas. Conversamos pouco com as pessoas e ficamos observando o tempo todo.
Hoje estava observando três eslovenos falarem. Engraçado.
Quanto à falar com as pessoas, nas primeiras vezes em que fui falar francês fiquei muito nervosa e esqueci tudo de uma vez. As pessoas me perguntavam se eu falava inglês e eu me confundia igualmente, deve ser engraçado de ver. Hoje eu fui à faculdade, peguei uma chuva torrencial no meu caminho à pé. Ontem também choveu, ambas as chuvas "de verão": meia hora depois fazia sol, e muito calor.
Já tenho a carteirinha de estudante, mas ainda não sei de quase nada do meu futuro semestre. Amanhã volto à universidade para conversar com a pessoa responsável pelo alojamento e também para saber que aulas vou cursar. Hoje, lá, por coincidência falei com um senhor português, Joaquim, que perguntou de onde eu era e começou a falar em português comigo: disse que nunca viu uma brasileira tímida, me repreendeu um pouco, me ajudou a saber de um monte de coisa e disse: "coragem, Maria!". Haha... Na verdade, não acho que eu deva me cobrar essa coragem agora, porque não é fácil estar sozinha num lugar novo, onde eu não conheço os costumes e regras e ainda me atrapalho toda ao me comunicar! - Mas foi muito bom ter ouvido isso, vou me lembrar que posso me sentir um pouco mais segura.
Aliás, em geral, todas as pessoas a quem pedi ajuda foram muito simpáticas.
E aqui as pessoas que tenho visto na rua são todas diferentes umas das outras. Vi algumas moças com véu na cabeça, algumas pessoas que pareciam de origem cigana, e talvez tenha visto mais negros do que costumamos ver em São Paulo. Até que vi bastante criança, também, não tantos idosos quanto se diz.
Sobre o transporte público, não sei o quanto da cidade ele abarca, mas na aparência ele é bom: o metrô, os trens e os ônibus são todos novinhos. O metrô não tem muitos vagões, a bilheteria é uma maquininha que só aceita moedas, e os trens tem uma integração com a cidade muito bacana: a linha de trem é aberta, o pequeno trem cruza com carros, bicicletas e pedestres. Como não são 20 milhões de habitantes e não tem tanta gente na rua (talvez até por causa das férias), esse sistema pareceu funcionar bem.
Assim que puder, compro um celular e tiro fotos dos meus próximos passeios, para vocês verem. O céu é bonito como sempre, mas ainda não conheci as estrelas. Não farei isso hoje - hoje vou dormir, porque já está tarde aqui. Até logo!
Bom ler vc, filha querida.
ResponderExcluirHehe, acho que vc errou a data...
Quando vc acordar sim, será 24 de agosto.
Fica com Deus e aproveita bastante.
Beijo grande do seu pai.
Amo vc.
Haha, é que o relógio do meu computador ainda estava com a hora de são paulo, daí saiu assim. Mas já era mais de meia noite aqui. É engraçado isso, mesmo estando num mesmo momento, não estamos no mesmo momento do dia, rs. :)
ExcluirSaudades, beijo grande, amo vc também.
Querida Maria,
ResponderExcluirque delícia poder acompanhar as suas andanças enquanto descobre Lyon. Receio que não sobrará muito de seu tempo depois que os franceses te descobrirem. Querida, descubra-se, mostre-se, inspire-se, tire o véu, voe...enquanto isso estamos aqui como seu porto seguro. Com amor, sempre, beijos da sua madrinha.
Madrinha! Que bom que é vc me acompanhando nessa vida! :)
ExcluirOi Maria,
ResponderExcluirA leitura de seu texto é muito prazerosa. Estamos esperando o próximo.
Ao contrário de sua tia, fico torcendo para nenhum francês de descobrir por aí. Vai que você resolva não voltar aqui para nós. E a França fica muito distante. É brincadeira. Mas já pensou ter que freqüentemente passar 12 h. em cima do atlântico? Vai ser terrível.
Vou enviar o link de uma música, para você ir se aperfeiçoando na língua. Pelo menos ela ajuda a dar uma boa enrolada de brasileiro.
http://www.youtube.com/watch?v=uShxrgyzvX8
Beijos do tio.
Hahahaha, tio, pode ficar tranquilo, logo eu estou de volta! Dá até medinho de passar rápido demais! Agora anoitece às 21h, mas no inverno, já pensou? Vai anoitecer muito cedo! rs. Obrigada pelo apoio de sempre, tio. Beijo!
ExcluirQuerida Maria,
ResponderExcluirSempre fui, e sem dúvida permanecerei, um infrequente e incapaz escritor de comentários online; ainda assim, escrevo este para dizer que estarei aqui, no cyberespaço: silenciosa, virtual e continuamente acompanhando suas aventuras mundo afora.
Quem poderia prever que a ausência de uma moça tão pequenina tiraria tão completamente a graça de todo um departamento de filosofia?
Saudades,
Lucas
Lucas, Lucas, que bom ter sua companhia virtual!
ExcluirHaha, devo admitir que sua auto-crítica me faz ficar com um tanto de vergonha do que eu escrevo - mas, ainda assim, é muito bom saber que vc me acompanha! rs. É bom, mesmo, quando alguém querido está com a gente, qualquer que seja a forma.
E também é bom porque quando eu voltar não terei que recontar todas as histórias, claro! rs. Beijos pra vc, pra Mari e pro J!
Maria queridona,
ResponderExcluirquem diria que aquela menininha que voava como uma passarinha nos braços do meu compadre roberto ia alçar voos tao distantes... e que linda forma de contar essas aventuras, adorei! Já estou doida pra ler os próximos e acompanhar essas aventuras bem de pertinho como se isso levasse pra vc um pouco da coragem que sei que vai ter nesses primeiros momentos aí distante. Amo vc e to aqui torcendo pra vc aproveitar muitoooo!!! beijo
Tia querida! Seu carinho é tão bom! Serei inspirada pela coragem que vc manda, sim. Na verdade na sua própria coragem, e agora como um imperativo! Aproveitarei muito, pode deixar! rs. Um beijão da sobrinha!
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