Do décimo quarto andar de um prédio, ouço o rangido de um balanço de parquinho: uma criança se balança.
Olhando o Facebook, vendo notícias ruins, outras piores, seguidas de comentários sem empatia... Precisa ser uma criança no balanço. Mas o rangido alcança o décimo quarto andar?
Vou até a janela. A noite calma. Em frente não tem movimento, ao longe, barulho de trânsito. Homens jogando futebol numa quadra iluminada. A luz da noite, da iluminação (ainda) pública, com esses postes amarelos, sempre me comove, sou besta. Espero sem ansiedade o dia em que trocarão tudo por LED e eu fique sem minhas luzes amarelas. Divago.
Olho pro céu, algumas estrelas. As coisas que existem são um conjunto enorme, nós somos mesmo nada. Lá de cima, não se ouve nada.
Mas daqui dá pra ver a rua que sobe o morro - a favela - em frente.
Dá pra ver um parquinho, logo perto. Não dá pra ver balanço.
Melhor não pegar os óculos. Era um balanço, não importa.
Não resisto. Olho em volta, os óculos a mão, em cima da mesa.
Volto à janela. A bola do futebol é laranja. Um homem caminhando. Um ônibus subindo a rua que sobe o morro. Quem vai no ônibus? Pessoas falando. Um velho sentado à uma mesa, conversando, em um apartamento de um prédio em frente. Lá, bem abaixo, no chão, um casal se abraça num banco. Agora reflito: não é uma praça, é o térreo de um condomínio. Devia ser uma praça, mas é um condomínio. Por que não uma praça? É horrível que não seja uma praça. O som do balanço.
No parquinho, por entre as árvores, bem difícil de enxergar, algo se mexe no ritmo do rangido.
A esperança é assim, tem de ser assim. Olha para onde pode. Só resiste se se alimentar daquilo que necessita:
Do décimo quarto andar de um prédio, ouço: uma criança se balança.
Olhando o Facebook, vendo notícias ruins, outras piores, seguidas de comentários sem empatia... Precisa ser uma criança no balanço. Mas o rangido alcança o décimo quarto andar?
Vou até a janela. A noite calma. Em frente não tem movimento, ao longe, barulho de trânsito. Homens jogando futebol numa quadra iluminada. A luz da noite, da iluminação (ainda) pública, com esses postes amarelos, sempre me comove, sou besta. Espero sem ansiedade o dia em que trocarão tudo por LED e eu fique sem minhas luzes amarelas. Divago.
Olho pro céu, algumas estrelas. As coisas que existem são um conjunto enorme, nós somos mesmo nada. Lá de cima, não se ouve nada.
Mas daqui dá pra ver a rua que sobe o morro - a favela - em frente.
Dá pra ver um parquinho, logo perto. Não dá pra ver balanço.
Melhor não pegar os óculos. Era um balanço, não importa.
Não resisto. Olho em volta, os óculos a mão, em cima da mesa.
Volto à janela. A bola do futebol é laranja. Um homem caminhando. Um ônibus subindo a rua que sobe o morro. Quem vai no ônibus? Pessoas falando. Um velho sentado à uma mesa, conversando, em um apartamento de um prédio em frente. Lá, bem abaixo, no chão, um casal se abraça num banco. Agora reflito: não é uma praça, é o térreo de um condomínio. Devia ser uma praça, mas é um condomínio. Por que não uma praça? É horrível que não seja uma praça. O som do balanço.
No parquinho, por entre as árvores, bem difícil de enxergar, algo se mexe no ritmo do rangido.
A esperança é assim, tem de ser assim. Olha para onde pode. Só resiste se se alimentar daquilo que necessita:
Do décimo quarto andar de um prédio, ouço: uma criança se balança.
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